O que é?
Praticamente todas as mães recentes passam por algum período em que questionam se estão produzindo leite suficiente para seus bebês. Isso acontece principalmente no comecinho, quando ela e o bebê estão se adaptando ao processo do aleitamento. Quando se pergunta às mulheres por que elas não amamentaram, ou por que desistiram do aleitamento, a resposta quase sempre é: "Achei que não tinha leite". Para a maioria dos especialistas, porém, é muito raro a mulher não produzir leite suficiente, e o leite nunca é "fraco".
Às vezes se tem a falsa impressão de que o leite não está sendo produzido em quantidade suficiente. Essa impressão -- alimentada pela insegurança tão comum nessa fase -- aparece quando a mulher pára de sentir o peito enchendo, ou quando o leite pára de vazar. Na verdade, esses são sinais naturais de que o corpo se adaptou à demanda por leite do bebê. A criança também passa por estirões em que tem mais fome e mama mais que o normal, e isso pode fazer a mãe achar que não está oferecendo leite suficiente. E há bebês que são supereficientes quando mamam -- cinco minutos em cada peito já bastam --, e a mães ficam achando que eles estão parando rápido porque elas é que não têm leite.
Existem casos, entretanto, em que a mãe não produz todo o leite que poderia produzir, mas na grande maioria dessas situações o problema é contornável. Apenas cerca de 2 por cento das mães têm dificuldades físicas para produzir a quantidade ideal de leite.
Qual é a causa?
Para grande parte das mulheres, o problema está na "entrega" do leite, não na produção. Elas produzem bastante leite, mas, como o bebê não está pegando o seio direito, não recebe a quantidade de que precisa.
Seu corpo produz leite à medida que o bebê solicita. Quanto mais ele mamar, mais leite você vai produzir. A produção de leite pode diminuir temporariamente pelos seguintes motivos:
• você está com os mamilos machucados e doloridos, e amamentar está doendo; ou
• o bebê está muito sonolento, e precisa de incentivo para mamar; ou
• o bebê pode estar usando chupeta por muito tempo, reduzindo a duração das mamadas; ou
• seu corpo não se adaptou à rotina rígida de horários (de quatro em quatro horas, por exemplo) para a amamentação; tente trocar para o sistema de livre demanda, ou seja, ofereça o seio ao bebê sempre que ele pedir, sem se preocupar com o horário.
Algumas mulheres podem ter fatores físicos que atrapalhem a produção de leite, como problemas hormonais ou histórico de cirurgia de redução dos seios (os implantes de silicone não costumam atrapalhar a amamentação, exceto em casos raros). Mesmo quando há problemas físicos, vale a pena insistir, para que o bebê aproveite ao máximo todos os benefícios do leite materno.
O que fazer?
Em primeiro lugar, acabe com a preocupação se não houver motivo real. É fácil perceber se o bebê está obtendo a quantidade adequada de leite.
O ganho de peso é a melhor maneira de ter certeza de que o leite é suficiente. Nos primeiros dias depois do nascimento, os bebês perdem entre 5 e 10 por cento do peso com que nasceram. Mas, após esse período, eles começam a engordar. Ao fim da primeira semana, já dá para saber se o bebê está ganhando peso da forma como deveria.
Se você responder "sim" às perguntas abaixo, seu filho provavelmente está mamando bem, com o volume adequado de leite, portanto não há motivo de preocupação:
• Ele usa entre cinco e oito fraldas por dia? Quando você troca a fralda, ela parece pesada, se comparada a uma seca?
• Ele está com a aparência saudável? Parece alerta?
• Ele está fazendo cocô amarelo-ovo? O cocô começou a ficar mais claro até o quinto dia depois do nascimento?
Se você acha que não está produzindo tanto leite quanto deveria, capriche na pega do bebê no seio. Procure a ajuda de um especialista em lactação para aprender a posicionar direitinho a criança na mama. Pergunte ao seu obstetra onde conseguir esse tipo de orientação, ou telefone para a maternidade em que deu à luz.
Para aumentar a produção de leite:
• Deixe o bebê mamar sempre que ele quiser, e por quanto tempo ele quiser. Ofereça os dois seios a cada mamada.
• Evite ao máximo o uso de chupeta, para que ele passe bastante tempo sugando e estimulando o seio.
• Não complemente a amamentação com fórmulas de leite em pó, a não ser em último caso, sob orientação estrita do pediatra. Sua produção de leite vai se ajustar à demanda do bebê. Se você matar a fome dele com a fórmula de leite em pó, ele não vai exigir tanto de suas mamas, e sua produção de leite vai diminuir mais ainda.
• Invista em conseguir que o bebê faça uma boa pega no seio, ou seja, abocanhe a aréola inteira.
• Você pode tentar tirar mais leite depois de cada mamada. Quando o seio se esvazia totalmente, a produção de leite é estimulada. Você pode guardar esse leite para dias em que o bebê parecer estar com mais fome. E, se conseguir quantidade suficiente, pode até guardar para uma eventual saída de casa por mais tempo.
• Há ervas que têm fama de aumentar a produção de leite materno. Entre elas estão o funcho e a erva-doce (anis), que podem ser tomados na forma de chá. Existem chás preparados especialmente para esse fim. Mas é bom conversar com o pediatra ou o ginecologista antes: alguns chás são contra-indicados na fase da amamentação. Não tome chás se não souber a procedência nem exatamente de que ervas eles são feitos.
• Tome muito líquido.
Alguns medicamentos, os antagonistas da dopamina, têm como efeito colateral a elevação dos níveis de prolactina no sangue, o hormônio responsável pela produção de leite logo após o parto. Mas esses remédios também podem ter efeitos negativos. Os médicos às vezes prescrevem alguns deles, como a domperidona e a metoclopramida, para tentar aumentar a produção de leite. Só tome esses medicamentos por orientação médica, pois nem sempre eles são adequados ao seu caso, e não deixe de tentar as outras estratégias.
O uso desse tipo de medicamento para aumentar a produção de leite não é "oficial", ou seja, não vai estar especificado na bula. Esse é mais um motivo para você jamais se automedicar. Só o médico sabe se você pode ou não tomar o medicamento.
Nas primeiras semanas, talvez você precise acordar seu filho para que ele mame com mais frequência. Isso vai estimular seus seios a produzir mais leite. Se você estiver com dificuldade de acordá-lo, ou se ele não estiver mamando bem, você pode ordenhar o colostro ou o leite e dar a ele por outra via (usando um copinho, uma colher ou a mamadeira). A ordenha estimulará suas mamas a produzir mais leite, e seu bebê receberá os nutrientes de que precisa.
Depois dessa fase inicial, o bebê já deve ficar mais tempo acordado, e não deve ser mais tão difícil mantê-lo interessado na mamada. Se seu filho continuar precisando de estímulo para mamar depois do fim do primeiro mês, há duas possibilidades: ou ele não está pegando o seio direito ou está com algum problema. Em ambos os casos, o melhor a fazer é conversar com o pediatra.
Certos problemas de saúde também podem interferir na produção de leite:
• disfunções da tireóide (hipotireoidismo e, às vezes, hipertireoidismo)
• perda de grande volume de sangue durante o parto ou depois (a produção de leite pode ficar diminuída até que seu organismo se recupere)
• um fragmento da placenta continuar no útero, o que pode impedir a produção de leite. O problema só se resolve quando o fragmento é eliminado ou retirado
• determinados medicamentos, como remédios antigripais como a pseudoefedrina e a pílula anticoncepcional de estrogênio e progesterona, podem reduzir a produção de leite
Meu bebê será prejudicado?
Se o bebê não obtiver o volume de leite de que precisa, terá dificuldade em ganhar peso e crescer, o que pode afetar o desenvolvimento físico e mental dele. Se você achar que ele não está engordando, ou sentir que está até emagrecendo, procure o pediatra imediatamente. Na maioria dos casos, a orientação sobre a amamentação já é suficiente para resolver o problema (junto com muita calma e paciência), mas em outros a perda de peso pode indicar algum problema de saúde com a criança.
Posso continuar amamentando?
Sim. Se você sentir que seu leite está "secando", as mamadas frequentes só vão ajudá-la a voltar a produzir bastante leite.
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