terça-feira, 11 de outubro de 2011

Adaptação - Como sobreviver a perdas homéricas


Há perdas em nossas vidas que são, além de inexplicáveis, irreparáveis. Você pode juntar todos os cacos em que se transformou e colá-los na esperanças de novos dias, porém nunca mais será a mesma coisa.
É que certos acontecimentos são insuperáveis, como a saudade de quem já se foi. Não posso simplesmente mentir e encorajar você dizendo que tudo se supera e que isso você também irá superar. Não!

Creio que a perda de um filho é a dor mais intensa que um ser humano pode sentir, acho que não existe nada comparável a isso. Não é natural, não é aceitável, não se explica nos tirarem um filho, seja pela situação que for. E a dor não diminui, a saudade não passa, a compreensão não aumenta e a gente simplesmente não supera.

Daí você me pergunta agora: Mas esse não era um texto motivador? Sim, a tentativa é essa. Eu digo que tudo isso dito acima é a mais pura das verdades. Mas (existe um mas!!!) aprendemos a conviver com todos esses sentimentos (saudade, dor, incompreensão, falta de superação).

Você até poderia chamar isso de superação, mas não é. Se acostumar com uma situação adversa e lamentável não é superar. Dizer que isso é superar é afirmar que um ser humano pode superar a fome sem comer. Isso não é superação, é a capacidade que o ser humano tem de adaptação.

Então, nesses casos extremos só nos resta nos adaptarmos. E posso afirmar com segurança de que realmente temos essa capacidade, todos nós temos, basta achar dentro da gente, em algum lugar, guardadinha. Algumas pessoas acham mais facilmente – talvez por já terem se preparado antes para isso, outras por já terem vivido muitas coisas que as fazem se adaptar mais ‘facilmente’ (na verdade não é mais fácil, elas só sabem onde encontrar essa capacidade), outras pessoas ficam totalmente perdidas sem saber o que fazer – algumas sequer sabem que existe essa possibilidade de se adaptar.

Como conseguir se adaptar:
  • Primeiro temos que aceitar que Deus quer que a gente esteja viva(o), senão nós teríamos ido. E se assim o quer, imagino que é porque temos muito que fazer por aqui ainda.
  • Daí o segundo passo surge: o que ainda temos para fazer aqui? Cuidar de um ente querido (um filho, um pai)? Fazer algo por outras pessoas? Me dedicar mais ou menos ao trabalho?
  • Ao responder essas questões, vamos nos lembrar de que nos amamos e que amamos viver, mesmo que atualmente isso esteja sendo doloroso.
  • Ao nos lembrarmos de nos amarmos, vamos nos lembrar do que gostamos de fazer, do que nos motiva, assim, poderemos voltar a fazer as coisas que nos fazem bem.
  • Lembrar que existem pessoas no mundo que amamos e que nos amam pode ser uma coisa que ajuda muito, pois o amor sempre constrói. Nos dedicarmos a alguém faz com que a alegria nos contagie e faça a dor, saudade serem suportáveis, por incrível que pareça.
  • Acho que a saída mais sábia é se dedicar a algo ou alguém. Sabe aquela coisa de se afogar no trabalho? Pois é... ativar a vida nos ajuda com o sofrimento. Cuidado! Estou falando de coisas que você gosta de fazer – se afogar num trabalho estressante e chato só vai te desgastar, assim, você estará cavando sua cova.


Diversas pessoas que perderam um filho ou que sofreram algo muito ruim acabam fazendo trabalhos lindos para pessoas que necessitam de auxilio e muitos não conseguem entender porque pessoas que sofrem tanto conseguem se dedicar dessa forma a pessoas e/ou uma causa. Garanto que elas fazem exatamente para conseguirem sobreviver, pois doando amor, você recebe amor e o amor nos ajuda a viver.

Então, se você está sofrendo uma dor emocional, sua vontade é se deitar e nunca mais se levantar ou já está deitada, deprimida e sua vida perdeu sentido, pense nisso! Enquanto há vida há esperança e há o que ser feito, nem que seja ao seu próximo.


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