quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Reacenda o seu tesão

A sua vontade de transar sumiu e você não sabe nem onde começar a procurar. Aprenda já a lidar com os fatores que congelam a sua libido
Responda rápido: quando foi a última vez que você transou? Ontem? Na semana passada? No mês passado? No Carnaval? Você não lembra? Ninguém está aqui para fazer nenhuma cobrança, afinal sabemos que você já tem tarefas suficientes para dar conta no seu dia, que tem “apenas” 24 horas. Mas colocar o sexo no final da imensa lista de prioridades é uma medida que aos poucos vai se transformando em uma bola de neve e quando você se dá conta nem pensa mais no assunto.

Uma semana vira um mês, que vira seis, que se transformam em um ano. Soa familiar? Então é melhor ficar alerta — a situação pode ser mais preocupante do que você imagina. “Dar vazão à libido e consequentemente fazer sexo é tão básico quanto comer, matar a sede e dormir. O desejo está diretamente ligado ao equilíbrio emocional”, diz a psicóloga e terapeuta sexual Ana Claudia Alvim Simão, de São Paulo. Mas calma, vamos ajudá-la a entender esse complexo mecanismo da libido e a reavivar a brasa que ainda existe em você.

Cada um com seus problemas
O sexo ocupa o oitavo lugar nos itens que medem a qualidade de vida para as mulheres, atrás de questões como alimentação, tempo para a família e sono — está em terceiro para os homens. Os dados são da pesquisa Mosaico Brasil, o maior levantamento feito no país (8237 mulheres e homens de dez capitais) sobre os hábitos sexuais dos brasileiros, conduzido pela professora Carmita Abdo, coordenadora do Projeto de Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, com apoio do laboratório Pfizer. Outro estudo publicado no periódico Archives of Internal Medicine, aponta que uma em cada três mulheres ouvidas admitiu ter experimentado baixo desejo sexual no mês anterior. Isso significa mais de 40 milhões de mulheres — que não têm exatamente dificuldade em “funcionar” ou “chegar lá”, mas não sentem ânimo nem de pensar no assunto. “Na maioria das vezes, as causas são emocionais. Mas os níveis hormonais também influenciam”, diz o ginecologista Ivaldo Silva, professor do departamento de ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Entre os mecanismos psicológicos que afetam a libido estão baixa autoestima, insatisfação com a vida ou a profissão, medo de desempenho, preocupações diversas do cotidiano. Bem, quem nunca foi para a cama querendo ser engolida pelo edredom, e não pelo parceiro?

Sexo na cabeça
Mesmo quem nunca passou por algum trauma nesse terreno — abuso sexual ou parceiros egoístas, preocupados apenas com seu próprio prazer, por exemplo — pode ter dificuldade em sentir vontade de fazer sexo pura e simplesmente por não ter sido estimulado para isso. “O mundo evoluiu, as mulheres estão mais abertas, mas ainda trazem ranços de uma educação conservadora”, diz Ivaldo Silva. Diferentemente dos homens, as mulheres recebem informações que têm muito mais a ver com proteção contra as consequências indesejadas do sexo — leia-se gravidez, DSTs e, mesmo que subliminarmente, a ideia de que boas meninas não transam — do que com o usufruto dele. Do lado prazeroso e saudável da coisa, quase não se fala. Para completar, quando iniciam seus relacionamentos, as mulheres acabam se deparando ainda com a falta de tato e o desconhecimento que seus parceiros têm sobre o funcionamento do corpo feminino — sim, acredite, isso acontece aos montes.

A consequência é que o prazer durante o ato pode se minimizar. E, pior, virar um grande trauma: há até quem se culpe por não sentir desejo. “Por mais simplista que pareça, o primeiro passo é ter a intenção de se abrir e buscar uma solução. Você tem que perceber que algo vai mal e se dispor a mudar. Comece revendo tabus e preconceitos — talvez você precise de ajuda profissional. Mas a ideia é deixar florescer o desejo com liberdade”, diz a psicóloga Ana Claudia.

Você, o centro do prazer
O cenário atual também contribui para que a libido saia dos eixos: o mundo anda em alta velocidade, a sociedade prega a perfeição — corpos milimetricamente esculpidos, profissionais completos, proeficiência, proatividade...

Não é de estranhar que você se sinta sem brilho e cansada. “O stress cotidiano, o stress conjugal, a ansiedade, a obsessão pelo corpo perfeito provocam baixa na libido e podem levar a situações mais problemáticas, como abuso de álcool, depressão e uma série de doenças”, alerta Ana Claudia.

Não consegue enxergar uma maneira de puxar o fio da tomada? Experimente reservar mais tempo para você e investir em qualidade de vida — sempre! Uma vez por semana, por exemplo, troque a planilha escorchante da academia, que visa definir todos os seus músculos, por uma caminhada ao ar livre. Organizar sua agenda também é um caminho: defina suas prioridades e contenha-se para não marcar mais tarefas do que pode suportar. Não é porque o dia tem 24 horas que você deve ocupar todas elas com trabalho.

Você merece dormir (sem sonhar com relatórios), ir ao cabeleireiro (sem ficar pendurada ao celular ligando para clientes), assistir à novela (sem sentir-se uma alienada), programar um final de semana romântico com seu marido, longe das crianças (sem deixar de ser uma boa mãe).

Mas nada disso adianta se não fizer o básico: você precisa pensar mais em sexo, buscando sua própria maneira de lidar com o assunto. “Com tanta coisa que a mídia prega, muita mulher se sente pressionada a ser malabarista sexual. Acha que só vai agradar se usar uma lingerie sexy ou fazer striptease para o parceiro.

Mas, se isso não estiver em sua personalidade, se você não se sentir à vontade, em vez de turbinar a libido, a situação pode apagá-la ainda mais”, diz a psicóloga Ana Claudia.

Pode acontecer ainda de você estar com tudo em dia, seu parceiro ser um fofo e a vidinha caminhar perfeitamente nos trilhos. Mesmo assim, não está livre de outro inimigo da libido: a rotina. Sabe aquela coisa do “todo dia, tudo sempre igual”? Sem que possamos nos dar conta, aquele fogo do início do relacionamento vai arrefecendo com a falta de novidade, a chegada dos filhos, o envelhecimento.

O que fazer?
Ora, enlouqueça — no bom sentido. “Programe uma saída no meio da semana, troque sua cama pela do motel de vez em quando, conversem para saber o que cada um espera do outro. É um esforço contínuo, mas vale a pena”, sugere o médico da Unifesp.

Sexo em três tempos
Você prefere sexo a sobremesa? As calorias têm que valer a pena — aquelas que você ganha comendo e aquelas que perde transando, certo? Tanto uma bela torta quanto o desejo carnal dependem dos ingredientes certos. No caso da libido, são três, de acordo com o pesquisador Stephen B. Levine, do Centro de Relacionamento e Saúde Sexual de Beachwood, em Ohio, EUA.

O primeiro é o impulso, uma força instintiva que nasce com o funcionamento orgânico e é tão natural para nós quanto dormir.
O segundo é a motivação, evocada, por exemplo, por uma imagem sensual ou uma fantasia.
Por fim, entra o “querer”, quando o cérebro abre passagem para que impulso e motivação se realizem. Se a dificuldade está no impulso, o problema pode estar nos níveis de testosterona — o hormônio que rege o desejo sexual. Então, se você já tentou de lingerie nova a motel e continua se esforçando mais do que se divertindo, o jeito é procurar um especialista.

A partir de alguns exames, ele poderá avaliar se o problema é hormonal. Outros fatores têm que ser considerados, como o uso de medicamentos. Você pode estar tratando um problema e ter arranjado outro. Alguns antidepressivos, ansiolíticos, bloqueadores da adrenalina etc. podem deixar você de bem com a vida mas sem vontade nenhuma de transar. E coloque mais estes em sua lista: drogas ilícitas e abuso de álcool também ajudam a colocar uma pá de cal em suas aventuras sexuais.


Brochou? Entoe estes mantras

Quando a gente ama não pensa em dinheiro...
A crise econômica poderia ser ainda pior se todo mundo deixasse de fazer sexo – imagine o humor dos operadores da bolsa de valores! É claro que é difícil ir para a cama pensando na prestação vencida, mas nessa hora não há nada de concreto que você possa fazer. Quando chegar em casa, primeiro fique longe da televisão. Encare um banho morno para relaxar e proponha uma noite de namoro com seu parceiro, mas sem a pressão de que tenha que terminar em sexo. “É importante redirecionar o cérebro para longe dos problemas. Se não for capaz de acalmar sua mente, o desejo ficará prejudicado, que dirá o orgasmo”, diz a terapeuta Laura Berman, diretora do Berman Center, em Chicago, nos EUA, autora de Real Sex for Real Women, inédito no Brasil.

Que tal nós dois numa banheira de espuma...
Falta de higiene é, sem dúvida, um corta-tesão. Não dá para encarar. De maneira delicada, você deve falar isso para seu parceiro. “A brincadeira pode começar com você propondo um banho a dois”, diz o ginecologista Ivaldo Silva.

Eu sei que eu sou bonita e gostosa...
Tem gente que perde o tesão só de pensar nos quilinhos a mais. Mas é preciso saber se esse excesso existe mesmo ou é pura encanação e faz parte da obsessão pelo corpo perfeito. “Todo mundo tem defeitos e é preciso aceitá-los. O que não pode é ficar pensando na celulite”, diz Ivaldo Silva. Invista também na autoestima. Se você se sentir gostosa, ele também vai achar.

Eu quero sempre mais, eu espero sempre mais...
Alguns remédios para o tratamento da depressão podem comprometer a libido. Mas um estudo publicado no periódico Journal of Sex & Marital Therapy apontou que o antidepressivo bupropiona, ao contrário, duplicaria o interesse das mulheres em sexo e até melhoraria a resposta ao orgasmo. A substância atua sobre dois ativadores do prazer: a dopamina, associada ao impulso sexual, e a noradrenalina, ligada à motivação. Vale conversar com o especialista responsável pela prescrição. “Temos que estabelecer um foco no tratamento, como estabilizar o quadro da depressão. E, conforme os resultados, o médico pode rever o medicamento”, diz Ivaldo Silva.

Nesse encontro perfeito entre o seu e o meu peito...
É complicado manter o tesão por aquele cara que acha que é só apertar um botão para você entrar no clima. De outra parte, tem aquele que vai mover céus e terras para fazê-la gozar. Ok, orgasmo é bom e a gente gosta – e gosta quando o parceiro se preocupa com ele. Mas o clímax deveria acontecer naturalmente, e não como uma espécie de perseguição ou obsessão. A transa pode ser absolutamente fantástica mesmo sem você chegar lá.

>> Alimente a sua libido
Os especialistas dizem que não há como comprovar que determinados alimentos ajam sobre o desejo. Mas a cada dia surgem novas pesquisas na área. Confira as mais recentes:

Melancia
A fruta pode ter efeito semelhante ao Viagra, diz um cientista da Universidade A&M do Texas, nos EUA. Bhimu Patil, diretor do Centro de Aprimoramento de Frutas e Vegetais da entidade, afirma que o responsável pela proeza seria o fitonutriente citrulina, que tem a habilidade de relaxar os vasos sanguíneos e podem também aumentar a libido.

Café
Pesquisadores da Universidade de Scranton, nos EUA, constataram que o interesse da mulher pelo sexo é proporcional à quantidade de café que ela ingere. Segundo eles, houve um aumento de até 45% no interesse sexual nas mulheres que passaram a ingerir quatro xícaras de café diariamente.

Alimentos Crus e Orgânicos
O clínico Alberto Peribanez Gonzalez, autor do livro Lugar de Médico É na Cozinha — Cura e Saúde pela Alimentação Viva (Ed. Alaúde, 300 págs.), defende que uma dieta saudável, de preferência com alimentos in natura e com pouca carne, é capaz de melhorar a qualidade da vida sexual de homens e mulheres. O segredo estaria na harmonia entre o emocional e o físico, o que ele chama de “alinhamento do sistema neuroendócrino”.
 

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